segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SOBRE O TEXTO ORIGINAL


Escrito no início do Século XVI,  num período histórico de transição que corresponde historicamente a passagem da Idade Média a Idade Moderna.   A peça alegórica de Gil Vicente foi representada pela primeira vez em 1517 na corte da rainha portuguesa D. Maria de Castela, segunda esposa de D. Manuel I de Portugal. obra vicentina que faz parte da trilogia das barcas (sendo a primeira, a segunda Auto da Barca do Purgatório e a terceira, Auto da Barca da Glória), classificada por alguns  especialistas como auto de moralidade apresenta esse momento histórico de mudança da literatura medieval para a literatura renascentista, com elementos estruturais  ligados tanto ao medievalismo quanto ao humanismo. 

    O teatro vicentino mostra claramente o conflito dessa transição, onde  ao mesmo tempo em que o autor em sua dramaturgia mostra elementos religiosos de caráter sagrado e devocional, com pensamento   voltado a Deus, põe em cena personagens alegóricas e místicos, que representam respectivamente o Bem e o Mal (características do pensamento medieval). Por outro lado, representa o humanismo com ênfase  em ações humanas e incorporando dialetos, linguagens e elementos da cultura popular portuguesa da época. O teor da sátira irreverente presente na peça faz críticas severas aos costumes e comportamentos, quanto mostra a mentalidade, as qualidades ou os defeitos da profissão, da classe ou do estrato social a que pertence personagens da sociedade lisboeta. 

 Gil Vicente é crítico severo dos costumes e comportamentos sociais, demonstrando uma capacidade de observação afinada ao traçar o perfil psicológico dos personagensUtilizando o riso, o gracejo, a poesia    decassílaba,  incorpora dialetos, linguagens e elementos da cultura popular portuguesa, como  vários personagens  tipos - sociais  para retratar a sociedade lisboeta do  século XVI. Gil Vicente crítica a sociedade portuguesa do seu tempo, com intenção moral e social de questioná-la, adotando uma postura moderna, já que as hierarquias e a ordem social do período medieval eram regidos por regras inflexíveis. Ao questioná-la e com aspirações de reformulação moral, Gil Vicente adota uma postura moderna e sua obra apresenta aspectos da mentalidade renascentista.

 Ilustração da edição original do Auto da Barca do Inferno.







Nota sobre o autor: Gil Vicente (1465 - 1536) é considerado o "pai" do teatro português, ou seja, marco da História do Teatro português. O  primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Enquanto homem de teatro, também desempenhou as tarefas de músico, ator e encenador.  Ele  foi o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na escrita de suas peças que influenciou a cultura popular portuguesa. Como também, um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. 

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