terça-feira, 6 de novembro de 2012

CONCEPÇÃO DA ENCENAÇÃO



  • SOBRE A ADAPTAÇÃO DO TEXTO
  Traduzido do português arcaico renascentista, o texto atual mantêm a estrutura dramática e a criticidade da sátira social vicentina, como procura garantir a designação  poética, o lirismo e, a valorização da palavra do texto original. No entanto, a nova versão do texto dramático Auto da Barca do Inferno opta pela contextualização, com intuito de favorecer e ampliar a percepção de situações da atualidade e do cotidiano vivido. A releitura da obra vicentina busca valorizar um relacionamento estético com a diversidade cultural. Aproxima-se da literatura de cordel, mostrando características do teatro popular e do regionalismo poético nordestino, como a exibição de formas de expressões da linguagem popular, e, a imagem caricatural  da realidade vivida. Com isso, a adaptação do texto Auto da Barca do Inferno recria a poesia do teatro vicentino, articulando a interação entre a linguagem clássica da literatura universal e a linguagem coloquial do cotidiano vivido.  A releitura  busca uma tradução do texto medieval/humanista para a atualidade, para favorecer a comunicação e a percepção da realidade. Com a caracterização das personagens  tipos sociais, que mostram profissões,  comportamentos sociais dos homens e das mulheres atuais, além da ambientação cênica do cotidiano vivido, com situações que ocorrem no seio da sociedade brasileira,  bem como, os assuntos sociais e políticos noticiados nos meios de comunicações. (Solange Simões)


      Optei pela montagem da peça dramática  AUTO DA BARCA DO INFERNO pela atualidade da temática do teatro vicentino e pelo caráter universal da sua obra literária. Ao descobrir que inicialmente a literatura de cordel também continha peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente. Observei  a histórica relação entre os Autos escritos por Gil Vicente (introdução do teatro Renascentista em Portugal) e a Literatura de Cordel do Nordeste brasileiro, que oriunda de Portugal, começa com o romanceiro do Renascimento e chega ao Brasil no balaio dos colonizadores portugueses, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador.  Percebi os benefícios da obra vicentina para ampliar os conhecimentos: artístico, literário, estético, social,  antropológico e histórico, como, a  importância significativa da obra para o fortalecimento da identidade plural  artística e sócio – cultural local. Acredito que a realização desse projeto se justifica pela proeminência do seu caráter temático. Na Bahia, predominam modos distintos de expressões culturais e matrizes da diversidade cultural brasileira. A releitura cênica da obra literária gil vicentina mostra a multiplicidade delementos da cultura imaterial do povo baiano, seus costumes, representações simbólicas, formas de expressões, comportamentos sociais,  modos de falar regionais,  jeitos de vestir, o cotidiano e a linguagem estética e simbólica da sociedade.     (Solange Simões)

* Solange Simões atua a mais de 20 anos na área cultural e 15 anos com atuação e pesquisa em Artes Cênicas com o Grupo Trapos e Cia. Formada em pedagogia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é Especialista em Arte, Educação e Tecnologias Contemporânea pela Universidade de Brasília (UNB).  

Um comentário:

  1. BELO ESPETÁCULO!!!
    Solange Simões (e elenco) Estão de parabéns!
    Ângela Daltro , Lenny, Cloóvis e todos ADOOOORO.
    $UCE$$000 a todos!
    Abraços

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